Os recentes episódios de
agressões e ameaças sofridas pelo presidente do Sindicaf, Olney Vianna,
advindas de servidores da Comsercaf, filiados ou não ao sindicato, não são,
como querem alguns por conveniência demonstrar que são, fatos isolados
decorrentes da relação filiado X entidade. Nem habituais, como aqueles que,
dentro da normalidade de uma relação regida por deveres e direitos, costumam
ocorrer.
Conveniente se torna, antes de
adentrarmos à nossa análise da situação, esclarecer o seguinte: o Sindicaf é o
Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cabo Frio, que agrega em suas
fileiras servidores de todos os setores das repartições públicas municipais de
Cabo Frio, assim como os representa, filiados ou não, nas relações decorrentes
do exercício do trabalho(patrão X empregado). Dessa forma, tanto servidores da
fazenda, fiscais, saúde, educação, e de outros setores, bem como da
administração indireta, como Ibascaf e Comsercaf são representados pelo
Sindicaf, isso sem prejuízo da atuação e da autonomia em alguns casos, das
outras entidades que representam subconjuntos dessa totalidade de
servidores(Sepe Lagos, AGM, AFM e SindSaúde).
A Comsercaf, por sua vez, é uma
autarquia criada em 2013 para substituir a extinta Secaf. Os servidores que vêm
da extinta companhia, tiveram, como manda a Lei Municipal 2.470/2013 , de optar
por migrar para a nova empresa, ou ficar no âmbito da administração direta, no
qual podem ser considerados, por iniciativa do executivo, em disponibilidade.
Não sou eu que afirmo isso, é a Lei Municipal 2.470/2013, criada pelo atual
governo municipal.
Pois bem, o que isso tudo tem a
ver com o caso? Simples. A Comercaf é a responsável pela coleta de lixo, de
galhos e de entulhos da cidade, mesmo exercendo outras atividades que a essas
nada têm de correlatas, como na área de eventos. Já a coleta de lixo, como
sabemos, é o ponto nevrálgico de qualquer administração, pois quando seus
administrados responsáveis por ela paralisam suas atividades o impacto é grave
e imediato para a população, que costuma se utilizar da mídia para reclamar os
serviços, gerando grandes repercussão e insatisfação nas comunidades. Tudo o que um governante não
quer.
Outro dia postei sobre a
possibilidade do governo entregar a uma empresa privada a coleta de lixo, para
o que já estaria realocando os servidores dessa tarefa para o recolhimento de
galhos e entulhos, este já menos perigoso que a coleta de lixo do ponto de
vista das consequências de uma greve ou paralisação.
Recentemente na Comsercaf um
servidor que outrora fazia parte do movimento sindical foi “premiado” pelo
governo com um cargo de encarregado. Daí em diante denúncias dão conta de que
começou a tratar seus subordinados do mesmo jeito que antes declarava ilegal
quando era delegado sindical. Reclamações de advertências e ameaças começaram a
pipocar. Aí o Sindicaf foi lá. E aí o camarada começou a criticar as contas do
seu próprio sindicato pela falta de transparência para justificar suas atitudes
de afrontas, agressões e ameaças.
Pode ser que ele próprio ainda não
tenha percebido, o que acho improvável, que esteja sendo usado de “bucha” pelo
governo. Mas que quem está de fora enxerga isso com inegável clareza, ah isso
enxerga. Pega um sujeito que considera liderança e dá a ele um cargo numa
empresa que é de alta importância estratégica na administração e enfraquece o
sindicato da categoria. Só não vê quem não quer. Aliás, não é só o Sindicaf o
alvo do governo. O Sepe Lagos que o diga. E por sinal que abra o olho por que
tem “X9” do governo que vai tentar se apoderar da administração de lá para entregá-la aos comandos do “chefe”.
Outro fator interessante foi a
declaração do presidente da autarquia igualmente criticando o Sindicaf por não
prestar contas. Ora, a Comsercaf publica onde as suas? As contas do município
estão ali num portal onde se escondem as despesas, e ninguém dá um pio. Chega a
ser hilário.
Por outro lado, as “prostitutas
do teclado”, qual sejam os manjados blogueiros sustentados pelo grupo político
do atual governo, já apontam suas estocadas na direção do sindicato, na
intenção de obedecer à risca a ordem que receberam de cima e logicamente para
não correrem o risco de perderem a cor da “verdinha” do mês.
Como se depreende, o ataque é
orquestrado, e visa não só o enfraquecimento e tomada de uma entidade sindical,
mas o pleno domínio sobre toda uma classe de servidores, que antes do advento
do PCCR estavam bem mais fragilizados economicamente e por conta disso
totalmente vulneráveis aos caprichos do mesmo mandatário que hoje empunha a
caneta, o qual certamente tem saudades dessa época.
Quanto aos espectadores, a esses o governo tenta mostrar tudo, menos a sua própria intenção. Sob o argumento adotado ocultam-se perversos sofismas cuja finalidade é ludibriar a opinião geral. Daí que na sua frente
evocam a moral para lhe ganharem o respeito, mas por trás riem calorosamente da
sua adesão frente à questão, daquele jeito mesmo que uma propaganda mostra:
“sabe de nada, inocente!”.