"Quando eu ganhava R$ 5100, eu repassava em média R$
2750, R$ 2850; e quando eu passei a ganhar R$ 7000, R$ 7100, eu repassava R$
4100. Ninguém gostava, mas a gente tem que trabalhar,né,amigo?"
Marcos Paulo Alves, ex-assessor da Deputada Janira
Rocha(Psol) em depoimento à Alerj no dia 11/09/2013
Marcos Paulo Alves prestou depoimento à corregedoria da Alerj nesta 4ª. Presidente afastada do PSOL teria desviado verba para campanha.
À direita, Marcos Paulo Alves chegou à Alerj noinício da tarde (Foto: Henrique Coelho/G1)
|
Marcos Paulo Alves, ex-assessor
da deputada estadual Janira Rocha (PSOL), depôs, nesta quarta-feira (11), na
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), e reafirmou à corregedoria da
casa o que disse à Justiça. "(Janira) Cometeu crime eleitoral, sim. Boca
de urna, cotização, possível desvio de dinheiro", disse ele, que foi
detido — junto com o também ex-assessor Cristiano Valadão — ao tentar vender um
material que comprometeria a deputada.
A deputada Janira nega as
acusações e disse que só vai dar entrevista depois de ter acesso a todas as
denúncias.
Alves entregou à Corregedoria as
gravações que conteriam as confissões de Janira sobre cotização e uso indevido
da renda do Sindisprev para sua campanha em 2010, e revelou a quantia que entregava
todo mês para a assessora de gabinete da deputada, Cristiane Gerardo.
"Quando eu ganhava R$ 5100,
eu repassava em média R$ 2750, R$ 2850; e quando eu passei a ganhar R$ 7000, R$
7100, eu repassava R$ 4100. Ninguém gostava, mas a gente tem que trabalhar, né,
amigo?", disse ele, que diz ter procurado a secretária de Defesa do
Consumidor Cidinha Campos para entregar o dossiê porque ela já havia movido
dois processos contra Janira.
"Achei que ela poderia nos
ajudar, porque a corda sempre arrebenta do lado mais fraco", conta, sem
poupar a ex-chefe. Marcos Paulo alega que trabalhou no gabinete da deputada
entre maio de 2011 e junho de 2013, e que os desentendimentos começaram no
início de 2012, quando a deputada teria dito que iria buscar outra base social,
"esquecendo-se de quem a elegeu".
Ainda na tarde desta quarta-feira
(11), o outro ex-assessor de Janira, Cristiano Valadão, dá seu depoimento sobre
o caso. Após as acusações, Janira se afastou da presidência do PSOL e o partido
já anunciou que está investigando o caso. Janira Rocha e a assessora citada
disseram que só vão se pronunciar após a divulgação do áudio das gravações.
O deputado Comte
Bittencourt(PPS), corregedor da Alerj, classificou como "muito grave"
as acusações apresentadas no dossiê. "Vamos confirmar tudo ao longo das
oitivas, mas ambos foram muito firmes nas suas denúncias. Cotização é uma falta
muito grave" definiu Bittencourt, que deve convocar na próxima semana o
delegado Ângelo Ribeiro, da delegacia Fazendária, onde a denúncia foi registrada
e testemunhas foram ouvidas.
Para que a deputada seja cassada,
segundo o corregedor, o relatório da corregedoria tem que ser entregue à
comissão de ética. Se aprovado, o relatório vai a plenário.
Segundo Comte, os ex-funcionários
contaram que "oito a dez funcionários" também participavam do
processo de cotização dentro do gabinete. "Vários desses nomes serão
chamados", garantiu Comte, que deixou claro que o foco da investigação da
Alerj é a questão da cotização. "O uso de dinheiro do sindicato é algo até
em escala maior, de repente o Ministério Público Federal Eleitoral pode se
antecipar a nós e facilitar nosso trabalho", finalizou Bittencourt.
O outro ex-assessor de Janira,
Cristiano Valadão, saiu da sala da corregedoria sem falar com a imprensa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário